domingo, 23 de agosto de 2015

Vivo do que os Outros Não Querem

Vivo na rua e sustento-me com tudo o que os outros deitam fora, mas que para mim está em ótimas condições.Não é uma realidade nada agradável, mas todos os dias eu vasculho contentores do lixo, para tentar encontrar algo com valor ou utilidade. 

Ganho umas moedinhas, se conseguir entregar cobre ao sucateiro para derreter, mas dura pouco tempo, está tudo muito caro. Não, nunca roubei, o cobre que encontro está sempre junto aos contentores ou dentro deles.

É muito duro viver na rua, com muita sorte dormir em bancos de jardim, os meus únicos pertences são uma manta,a roupa que trago no corpo e um agasalho extra para os dias mais frios, que encontrei junto aos contentores do lixo.

A minha única companhia diária e o meu fiel amigo de quatro patas, o Pantufa.

Eu só sobrevivo graças ás rondas de voluntários que passam duas vezes por semana para distribuir alimentos. Nessas alturas até o Pantufa dá pulos de alegria.

Gostava de um dia ter oportunidade de voltar a viver numa casa, pois já não tenho idade para viver neste desconforto. Tenho 76 anos e vivo na rua há 50, já tendo passado por abrigos, mas fechavam por falta de financiamento e voltávamos todos para a a rua. De qualquer forma, como sei que é difícil isso acontecer, se tivesse um pouco mais de dinheiro comprava uma casota para o Pantufa, porque eu já me habituei a viver assim, mas o Pantufa ainda é novo e merece ter boas condições.

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