terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Solidariedade

Visto que hoje é terça feira, esta podia ser a Palavra da Semana, mas não é disso que se trata.

Estive muito recentemente em Oliveira do Hospital, que, se bem se recordam, foi um dos concelhos afetados pelos incêndios de outubro, e quero contar-vos o que vi e o que me contaram.

Quando lá chegámos (eu e a minha Comunidade, fui com os Escuteiros) fomos recebidos pelo Presidente da Junta, que nos mostrou o armazém em que guardam as doações para as famílias necessitadas e falou-nos de algumas situações de pessoas que sofreram bastante com esta catástrofe tão inesperada, fora de tempo, e devastadora.

Uma das coisas que nos disse e que me marcou foi que durante os primeiros dias tinha havido ajuda a chegar de todos os lados, mas à medida que os repórteres das televisões e rádios foram desaparecendo, também essa ajuda começou a ser mais escassa.

Conheci pessoas fantásticas, que viram tudo destruir-se à sua volta, mas quando chegavam  visitantes (nós) ofereciam tudo o que tinham.

Contaram-me que nos dias do incêndio houve uma aldeia que esteve cercada pelas chamas e cuja pessoa mais nova que lá habitava tinha sessenta anos. Como é que estas pessoas conseguiram sobreviver? E como será que estão agora?

O que me choca é que depois de deixar de ser notícia as pessoas já não quiseram saber. Muitos dizem que o povo português é solidário, mas o problema é que tem memória curta. Estou a falar das vítimas dos incêndios, mas podia estar a falar dos sem abrigo. Quantas vezes ouvimos dizer que nos devemos lembrar deles no Natal?

A questão é: Será que eles apenas existem no Natal? Não me parece que seja difícil responder a esta pergunta. É verdade que existem muitas associações que prestam assistência durante todo o ano, mas o cidadão comum apenas parece recordar-se dos mais desfavorecidos em épocas festivas.

Não quero de modo nenhum dizer com isto que sou um exemplo ou colocar-me num pedestal apenas por ter ido ajudar, porque sei que não é de todo fácil para toda a gente deslocar-se até onde a ajuda é precisa, mas gostava de salientar que muitas vezes há pessoas mesmo ao nosso lado que precisam de ajuda e devemos abrir os olhos e ver convenientemente o que se passa ao nosso redor, e que isto não aconteça só de vez em quando, mas sempre. 

Maggy

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