quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Viver com ACC

Desde pequena que uma das primeiras características que me apontam é "trapalhona". Ora, isso tem uma razão de ser: mesmo antes de nascer foi-me diagnosticada Agenésia do Corpo Caloso (ACC).

Para aqueles cuja praia não é a neurologia (também não é a minha, mas fui aprendendo umas coisinhas), o corpo caloso é uma pequena parte do cérebro que é responsável por fazera ligação entre os lobos direito  e esquerdo do cérebro, e agenésia significa ausência. Pode muitas vezes ser associada a sintomas como epilepsia, atraso no desenvolvimento psicomotor e convulsões.


Essa ausência afeta o equilíbrio e a coordenação por isso  é que eu não consegui ainda aprender a andar de bicicleta, ando naturalmente aos ziguezagues, quando era pequena dificilmente pintava um desenho sem passar dos contornos... Pode também ser a causa de um QI mais reduzido, mas não necessariamente.

 Neste post disse que não me ajeito com umas raquetes de praia normais, por isso comprei umas Squap. Isto só quer fizer que não é uma condicionante muito limitativa, se não deixarmos que o seja. Existem também bicicletas adaptadas, mas sinceramente, eu ainda tenho esperança de conseguir andar numa bicicleta normal.

Devido à minha grande descoordenacão, uma das conquistas de que mais me orgulho foi ter conseguido aprender a andar de patins,quando tinha sensivelmente doze anos. Não sou nenhum ás, mas consigo andar minimamente, e isso já é uma grande vitória.

A mensagem que gostava de passar com este post é para aqueles que convivem com alguém com ACC, não diminuam nunca as conquistas dessas pessoas nem gozem com o facto de serem desajeitadas, porque não conseguem fazer melhor e já é um grande esforço tentar fazer certas coisas, e para as próprias pessoas que vivem com ACC, nunca desistam. Por muito difícil que seja e por mais que pareça que ninguém vos compreende, vocês conseguem tudo, à vossa maneira, e é essa a melhor maneira, porque foi aquela que conseguiram executar.

Maggy


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